segunda-feira, 20 de abril de 2009

"Abrace sua loucura antes que seja tarde demais"

Era uma vez uma fada. Era novinha ainda, não sabia muito sobre suas asas e então não tinha muita fé de que elas a levariam pra cima daquela relva verde que a rodeava. Voava sempre a uns poucos centímetros do chão, e até via outras fadas voarem mais alto, mas a sua televisão mostrava a mesma coisa, e ambas pareciam tão irreiais, já que não era com ela... Ninguém nunca tentou dar a mão para a fada e dizer que a levaria para cima, que a ensinaria sobre a vida sob o céu.
E como não o fizeram, ela se acostumou, e sempre foi a normalidade voar como ela voava.

Mas o que não é bom de algum jeito, nunca se adapta completamente. O inadaptável não se acomoda, uma vez que algo sempre suscita pra denunciar o incômodo contido.

As asas da fadinha começaram a pulsar, a dar surtos de voo, a sofrer espasmos. A fada assustada, sentiu fortemente a realidade que já imaginava existir: não podia ser só aquilo.
Se agarrou no olhar de uma outra fada que passava por ali, e que sem dúvida pareceu gostar da companhia da amiga. Voaram e chegaram alto. Os olhos da fada agora já alcançavam por trás dos hologramas, e sua asa batia inquieta, e de tão rápida, parecia flutuar num movimento intacto.
Mas a fada a quem tinha se agarrado resolveu voltar para o solo, uma vez que não tinha tirado os olhos do chão, e deixou o holograma absorvê-la mais uma vez. E essa puxou a fada real para onde tinham partido, e a fada, ligando aquele sentimento explosivo que carregava agora, depois de ter voado alto, com o companheiro das alturas, associou o seu bem estar á fadinha cega, e não ao seu voo.


Acabou voltando ao chão e por dias não conseguiu levantar voo, pois sua memória havia guardado as instruções milimetricamente desenhadas com mais um personagem no enredo.
Se consumiu horas tentando descobrir não o que havia vivido, mais sim o que esteve vivendo por tanto tempo. Aquela não-vida, aquela falta de cores, aquela ausência de luz.


E um ano se passou, e a fada agora consegue pelo menos olhar para cima. E sabe que conseguiria voar. Mas o sentimento emitido na travessia, no caminho vivido era tão colorido em sua memória, que seus pézinhos leves quase se recusavam a levantar voo sem um olhar de companhia.
Mas a natureza não obedece a caprichos: sua pequena asa volta a pulsar um sangue intenso, faminto por sentimentos. Fada de limites. Chega ao fim de suas capacidades, pra poder alçar voo e abranger seus 'ilimites'. Explora cada dor, inconsciente.

Tenta não pensar, não magicar, mas é quase inevitável. Ouve, sempre, de quem chega perto: "Vem, vamos além."
Mas ela tem que se libertar. Deixar seus pensamentos correrem soltos, brincarem, rirem, se esbaldarem no parque florido e fresco de sua imaginação. Não pode, logicamente, deixar de separar os limites da sua cabeça e da sua realidade. Vão acontecer sempre diferentes, como cada batida quase gêmea de suas asas. Mas tem que criar a luz. A luz de dentro, pra não deixar a escuridão de fora penetrar e invadir o seu brilho.
De dentro, a luz se espande. E vai buscar alimento, razão pra existir. Afinal é isso que tudo sempre faz. Busca razão, nexo, história, correspondência.

Quando ela entendeu isso, voou de olhos fechados. Abriu os braços e sentiu. Fagulhas abriam seus olhos, asas risonhas dançavam irisadas, e a fada voou até aonde ela sonhava.

domingo, 12 de abril de 2009

Limite

Tem dias que o corpo não encontra a alma. E então paramos o corpo pra sentir a alma querendo ser mais, a alma sonhando em viver.. E o corpo devagar, o corpo inanimado é tão mais lento do que o tudo imenso que a alma só imagina... Dói não ter o corpo do tamanho da alma, dói expandir, dói parar o corpo, dói sentir a alma. Dói na alma e no corpo.

O vácuo entre esses dois espaços e tempos é muito abismático, asmático, ensurdecedor. Afoga, aperta, machuca e questiona o sentido da melodia que eles tocam quando se encontram por inteiro.



Nem todo dia somos inteiros.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Sei e sinto a mudança de fora, e principalmente a de dentro de mim. Quanto mais nos segurarmos a sentimentos, iludidos pelo conceito de que pra ser eterno tem que ser igual, perderemos todas as pequenas mágicas dentro de cada tudo e pessoa, que suscitam sentimentos nunca sentidos. Mudança é a eternidade.

vou fingindo ser o que eu já sou

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"O melhor drama está no espectador e não no palco."